domingo, 18 de janeiro de 2009

The Passion of the Christ


A Paixão de Cristo é uma obra de um tradicionalista cristão. Ao retratar as últimas 12 horas da vida terrena de Jesus de Nazaré, Mel Gibson, dirigindo a partir de um roteiro que ele próprio escreveu em conjunto com Benedict Fitzgerald, interpreta os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João como sendo a verdade literal.

Não há qualquer indício de interpretação contemporânea, nem tampouco se leva em conta a possibilidade de os relatos dos evangelhos conterem mitos ou metáforas.
Este não é nenhum A Última Tentação de Cristo, a adaptação que Martin Scorsese fez do livro de Nikos Kazantzakis, especulando sobre os tormentos e as dúvidas de Jesus. A Paixão de Cristo é um ato de fé.
E esse próprio fato representa uma faca de dois gumes. As pessoas enxergarão o que quiserem no filme, destituído de qualquer ponto de vista que não esteja literalmente de acordo com os evangelhos.
Os verdadeiros crentes enxergarão em A Paixão uma transposição das escrituras sagradas. Outras pessoas - não cristãs, ou mesmo cristãs de visão menos literal - se sentirão perturbadas pela adesão total do filme a uma história e um conjunto de personagens que vêm sendo usados por fanáticos, há séculos, para alimentar o ódio.
A Paixão de Cristo é envolto em polêmica em torno de seu grau quase pornográfico de violência e seu potencial de incitar ao anti-semitismo. A combinação de curiosidade, controvérsia e convicção deve lhe garantir boas bilheterias por muitas semanas.
Sem contexto
O problema em se focalizar quase exclusivamente a "paixão" de Cristo - ou seja, seu flagelo e sua redenção final, que marcaram os derradeiros momentos de sua vida - é que o contexto em que esses fatos ocorreram se perde, na medida em que se deixa de retratar os ensinamentos e a vida de Jesus, em que ele pregou o amor por Deus e a humanidade.

A crucificação de Jesus foi não apenas o momento culminante de vários anos de ensinamentos religiosos, mas também o momento em que ele cumpriu sua promessa de morrer para redimir os pecados da humanidade.
É verdade que muitos espectadores já conhecem essa "história de fundo". Mas quem for ao cinema sem um conhecimento prévio do Novo Testamento sairá prejudicado.
Para essas pessoas, o punhado de flashbacks para momentos anteriores da história de Jesus não serão suficientes para a compreensão do contexto.
Mesmo um estudioso da Bíblia, porém, pode se perguntar por que Gibson escolheu mostrar tão pouco o amor e o auto-sacrifício envolvidos na submissão de Jesus à tortura e à morte.
O significado espiritual da crucificação de Cristo se perde na orgia de violência cometida contra seu corpo. Na verdade, é duvidoso que qualquer ser humano conseguisse se manter consciente de sua própria execução se fosse submetido ao grau de violência física mostrada tão explicitamente no filme.
Saco de pancadas
Assim, A Paixão de Cristo é uma representação medieval da Paixão de Cristo, mas com efeitos muito melhores. Vemos Cristo sendo açoitado em detalhes grotescos. Os fluidos corporais jorram, formando desenhos belos. A câmera lenta capta qualquer ação ou olhar que Gibson considera significativa.

Todos os personagens são retratados em extremos. Pôncio Pilatos (Hristo Naumov Shopov) é um político fraco e assustado, operando num bastião solitário do Império Romano.
Seus soldados são retardados sádicos e bufões. O rei Herodes (Luca De Dominicis) é decadente e cheio de maneirismos. Os judeus formam uma turba sedenta de sangue e facilmente manipulada pelo sumo sacerdote Caifás (Mattia Sbragia) e outros fariseus, ansiosos por proteger seu próprio poder político e controle social.
Gibson cortou do filme uma fala, supostamente presente numa versão anterior, em que um judeu grita "caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!"
As duas Marias, a mãe de Jesus (Maia Morgenstern) e Maria Madalena (Monica Bellucci), se reduzem a espectadoras debulhadas em lágrimas.
E, o que é difícil imaginar, a figura chave da história, o próprio Jesus (Jim Caviezel, recoberto de sangue) passa a maior parte do filme como saco de pancadas, a tal ponto que os responsáveis pelo filme perdem sua mensagem de vista.
Em cenas iniciais e nos flashbacks, Caviezel possui o olhar e a gravidade necessários para transmitir o rabino caloroso e cheio de misericórdia que Jesus de fato foi.
Mas só vemos alguns instantes dessa sua humanidade - um flashback bizarro focaliza exclusivamente sua ocupação anterior, a de carpinteiro.
Caravaggio inspira fotografia
O que mais perturba é a decisão de Gibson de retratar Jesus como vítima de intrigas políticas, com isso lhe privando de seu martírio.

Por que tantos discípulos seguem esse homem? O que significa a promessa de vida eterna que ele fez, dentro do contexto desses acontecimentos?
O foco intenso que Gibson volta sobre o flagelo e o açoitamento do corpo físico de Jesus virtualmente priva o dia mais famoso da história de qualquer significado metafísico.
Em termos técnicos, o filme é belíssimo. Após um mau começo, com música mais adequada a um filme de terror, a trilha sonora assinada por John Debney é enriquecida por um coro e vai ganhando brilho e ímpeto, até chegar ao clímax.
Inspirado pelo pintor Caravaggio, o diretor de fotografia Caleb Deschanel e o figurinista Maurizio Millenotti aderem a tons de terra: cinza, marrom, branco, bege e vinho.
O jogo de sombras e luz, especialmente nas cenas de interiores, criam quadros de grande beleza. Os sets criados por Francesco Frigeri nos estúdios Cinecittà e o uso da cidade de Matera, erguida há 2.000 anos, para as filmagens, recriam com perfeição o ambiente do Oriente Médio da época de Cristo.
O fato de Gibson ter obrigado seus atores a aprender as línguas faladas na época funciona muito bem. Com os personagens judeus falando aramaico e os romanos falando latim, o filme recria o clima bíblico à perfeição. É uma pena que Mel Gibson tenha optado por destacar o realismo físico, às expensas da verdade espiritual.


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Título original: The Passion of Christ
Gênero:
Drama
Ano:
2003
País de origem:
Jerusalém
Distribuidora:
Fox Filmes
Duração:
127 min.
Classificação:
14 anos
Língua:
Aramaic, Latim
Cor:
Colorido
Som:
DTS Dolby
Diretor:
Mel Gibson
Elenco:
Monica Bellucci, James Caviezel e Rosalinda Celentano
Obs:
Mel Gibson, dirigindo a partir de um roteiro que ele próprio escreveu em conjunto com Benedict Fitzgerald



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